terça-feira, 25 de março de 2014

O Novo Suplente do Kratos


Como eu já disse antes, meu maior arrependimento na sétima geração foi ter escolhido o Xbox 360 ao invés do PS3. Isso me privou dos jogos que são reféns da Sony, como diz o Yahtzee.

Por exemplo, God of War. Eu pulei a geração do PS2 (na verdade eu fui do NES para o PC, e só voltei para os consoles com o 360), mas joguei um pouco de God of War na casa dos amigos como muita gente, e mais tarde zerei os dois jogos da franquia no PSP. Desde então essa é minha série de hack'n'slash favorita.

Pois bem, recentemente eu me liguei que ia passar para a próxima geração sem ter jogado nenhum jogo do tipo! Tá certo que não tem GoW para o 360 (até tem, mas é só uma coinciência de siglas), mas tinha que ter um representante legal (do tipo cool, não jurídico) do gênero disponível para o lado verde da força.

Fiquei entre quatro candidatos. Dois deles eu descartei de cara: Bayonetta, bem recomendada, era sexualizada demais; e DMC 4 era um velhinho do começo da geração, e eu não gostei do que vi nos video reviews. Sobraram Castlevania: Lords of Shadow e o novo DmC. Acabei escolhendo o último por ser mais recente, ter notas melhores e me parecer ser mais focado que o jogo do castelo...


Dante 2.0


Muita gente se incomodou com o novo Dante. Eu não, até porque esse é o meu primeiro jogo da franquia (ser um reboot veio a calhar). Mas eu entendo um pouco a reclamação dos fãs de longa data, afinal eu nunca me acostumei com o Ryu Hayabusa depois que ele trocou seu pijama azul por um colante de couro preto.

Só que eu esperava do Dante um personagem totalmente irreverente. Mas as cutscenes são recheadas de diálogos sérios, e os eventuais deboches do Dante soam completamente fora de contexto, como as tiradas daquele eterno aspirante a bully no recreio da sua escola.

Agora que as cutscenes não são mais engraçadas elas ficaram simplesmente monótonas, exceto pela ocasional cena de ação. Alias a história toda chega a ser infantil. Dante e o irmão parecem o Cebolinha e o Cascão com seu plano infalível de sequestrar o Sansão, com a diferença que aqui a Mônica se ferra no final. Spoiler? Fala sério, isso você já sabia antes de ver a capa do jogo!

Sem falar na premissa do universo de DMC, que também não ajuda... Uma das coisas que me deixou com pena de dispensar o Castlevania foi que enfrentar a mitologia germânica me parece bem mais interessante.

Combate


Mas vamos ao que interessa. Gameplay! Bom, nesse ponto eu acho que o DmC achou um equilíbrio muito interessante. Os combos não são demasiadamente complexos, ou tão numerosos como em Ninja Gaiden; mas o combate não é tão permissivo como em God of War (lá quase dá para zerar apertando quadrado, quadrado, triângulo com timing ao gosto do freguês).

Aqui, além da sua confiável espada, você tem armas melee azuis e vermelhas, e há inimgos que só são vulneráveis a um tipo. Além disso há armas de fogo, você consegue "puxar um inimigo" (pense no Scorpion do Mortal Kombat) e os combos aéreos são muito úteis. Tudo isso faz com que você logo esteja naturalmente lutando de forma bem variada, construindo combos imensos, usando esquivas quando o inimigo telegrafa ataques... Em resumo, se sentido o cara.

A Skinner Box também é bem feita. Você está sempre ganhando upgrades a cada missão e destravando novos combos, e caso você se arrependa de uma "compra", é só voltar atrás e destravar um combo diferente! Há uma opção só para você treinar os combos no menu principal, e mesmo no meio do jogo, ao olhar o seu move list, aparece um vídeo demonstrando cada um dos combos que você já destravou. Queria que mais jogos dessem tanta atenção ao aprendizado e flexibilidade do combate.

Design


Por melhor que seja o combate, o ponto mais alto do jogo é o design das fases. Se teve uma ideia boa nesse reboot foi o "limbo", que é onde o Dante efetivamente luta. Como o tal do limbo pode fugir bastante da realidade, isso deu liberdade aos designers, que souberam aproveitar criando desde fases que lembram as pinturas de Salvador Dali até outras que parecem ter saído do filme Tron.


Por mais simples que sejam as seções de plataforma entre um combate e outro (Dante não é o príncipe da Pérsia), elas servem perfeitamente para você fica mesmerizado olhando o cenário com calma entre os combates, e isso deixa o ritmo do jogo ótimo.

Quer dizer, a menos que você esteja querendo um SSS (nota máxima) naquela fase. Aí você tem que correr!

Replay


É isso mesmo, notas para seu desempenho. Para quem (como eu) é novo na franquia, é importante dizer que DmC não poupa esforços para aumentar o replay value, não se contentando apenas com os colecionáveis e missões opcionais de praxe.

As notas ao final de cada fase dependem do seu estilo, tempo utilizado e colecionáveis encontrados, além de te penalizar se tiver morrido ou usado itens. De qualquer forma eu não me preocuparia com isso no primeiro playthrough, até porque há pitadas de metroidvania (você precisa de habilidades adquiridas posteriormente para encontrar todos os colecionáveis de uma fase).

Aliás, se você quer platinar esse jogo, prepare-se para muitos playthroughs. Há QUATRO níveis de dificuldade adicionais (fora os três originais!), que vão sendo destravados um a um conforme você termina todas as missões no nível anterior. Muitos troféus / conquistas parecem ter sido feitos para serem jogados no penúltimo nível, Heaven or Hell, em que os inimigos morrem com um único golpe - só que o Dante também...

Eu me satifiz em zerar o jogo pegando só o que veio naturalmente pelo caminho, fossem colecionáveis, conquistas ou upgrades. Hoje em dia tempo é o maior limitante para mim, então prefiro jogar o próximo lançamento que está me tentando do que extrair a última gota de diversão de um jogo que eu já zerei, então mais ou menos já sei como é. Mas por mais que eu prefira algo mais focado, não deixo de apreciar a coerência da abordagem altamente rejogável de DmC.

Veredito


Não julgo que DmC seja um must play imperdível, um ícone da geração, mas não me arrependi de jogá-lo. Foi um hack'n'slash competente. As fases são um primor de design e só melhoram com a progressão do jogo, e o combate é preciso e variado, bem apresentado e recompensado. Pena que a história seja ridícula e insista em se levar a sério, mas não deixe que isso te impeça de curtir o que o jogo tem de melhor.

P.S.
Este jogo tem uma feature inusitada: inflação! Todos os itens vão aumentando de preço conforme você compra... Qual o sentido disso?

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